Convidei para jantar...Amélie Poulain

A Ana do blog Anasbageri, lançou um desafio bastante interessante. Se pudessemos convidar uma personagem dum livro ou filme para jantar, quem seria? O que lhe serviríamos? Não foi fácil escolher num mundo tão vasto do cinema e da literatura só uma personagem para receber no meu lar. São tantas as gostaria de ver sentadas à minha mesa.
A escolha acabou por recair numa personagem bem simpática, a Amélie Poulain, do filme Le Fabuleux Destin d'Amélie Poulain. Um filme de Jean-Pierre Jeunet que tanto admiro, que conta a história de Amélie, uma menina que cresceu isolada de outras crianças, por pensarem sofrer de uma doença cardíaca. Uma infância isolada, a morte prematura de sua mãe e a transferência do afecto de seu pai para um gnomo de jardim, condicionaram a forma como se relaciona com os outros e com o mundo. Já em adulta, mudou-se para o bairro parisiense de Montmartre, onde trabalha no café Deux Moulins, e decide reparar a vida dos outros, tentando trazer felicidade a todos que a rodeiam.

Seria um dia de Primavera solarengo. Amélie, chegaria cedo, ao início da tarde. Eu tentaria recebê-la da melhor forma possível, embora o meu francês esteja bastante enferrujado. Ambas esboçamos um sorriso tímido e iniciamos a nossa conversa.
Durante a tarde, um passeio à beira-mar que a surpreende. O vasto areal da Figueira não deixa ninguém indiferente. Aproveita para tirar uma foto ao gnomo de seu pai, na praia, para mais tarde lhe enviar a foto e o incitar à partida e descoberta de novos locais. Os salpicos do mar fazem-na sorrir e recordar momentos não vividos na infância.
Já em casa, uma limonada fresca feita com limões do meu limoeiro recebe-nos depois da caminhada longa. Ela prefere sentar-se no páteo, à sombra da laranjeira, com o meu gato ao colo. E é aí que coloco a mesa e sirvo o jantar, ao fim da tarde, para aproveitarmos a luz. Corre uma brisa suave e coloco música enquanto faço os últimos preparativos. Yann Tiersen é uma boa escolha, diz ela.
Para o jantar optei por fazer algo simples, aconchegante, usando o máximo de produtos caseiros e biológicos do meu quintal. Ela aprova, por gostar de coisas simples.
Um frango caseiro, feito no forno, acompanhado dum arroz de grelos da minha horta. Salada de tomate, cebola e orégãos (tudo da horta) numa taça à parte. Para sobremesa um leite creme queimado na hora. Sorrimos cúmplices ao quebrar a camada generosa de açúcar queimado com a ponta da colher, um prazer simples que partilhamos. Ela diz-me que está tudo do seu agrado. Aprecia os pequenos momentos da vida.
Despede-se, porque já se faz tarde, dizendo que adorou a refeição e o dia bem passado ao sol. Faz-me prometer uma visita a Paris, a tomar um chocolate quente e um croissant consigo no Deux Molins. Fica prometido, num abraço.

(como o post já vai longo, deixo apenas a receita do meu frango no forno, bastante apreciado pela Amélie e pela minha família)


Frango em Vinho e Tomate no Forno

1 frango caseiro
2 cebolas
3 dentes de alho
1 folha de louro
3 tomates
750 ml vinho branco
sal q.b.


Preparação

Partir o frango em pedaços (não muito pequenos) e remover o excesso de pele. Colocar o frango num tabuleiro. Temperar com sal. Por cima do frango colocar as cebolas às rodelas, os alhos descascados, a folha de louro e os tomates aos pedaços. Regar com uma quantidade generosa de vinho branco e levar ao forno bem quente a assar, até reduzir o vinho (+/- 1 hora).

Nota: a quantidade de vinho e o tempo total de forno vão depender do frango. Se for frango caseiro necessita de mais vinho e tempo no forno. Se for frango de aviário, demorará menos tempo e convém reduzir o vinho.

Bom Apetite!